Primeiro que tudo, e como estou irritado, sugiro a leitura do poema do meu amigo Falcão d’Araújo:
MÁ RÊS
Era tarde, e a noite ameaçava.
Na rua, um puto.
Não sei com quem troçava
Mas aproximou-se e ouvi
-“Cuidado que é má rês”
E o que vi?
Que debaixo do braço, o puto
trazia, um jogo de xadrez.
-Queres jogar? – perguntou.
Joguei e perdi.
Voltei a jogar e voltei a perder
Insatisfeito, perguntei:
Quem és tu?
Quem sou, não sei,
Só sei que dizem que sou má rês
E jogo xadrez.
O Fischer certamente que não estava ali,
O Capablanca, menos ainda,
O Kasparov não o vi,
E a era do Alekhine há muito que estava finda.
Seria o Karpov?
Certamente que não, e em boa verdade
O Korchnoi, também não poderia ser,
Pois já não tinha idade.
Afinal quem era o puto?
Uma má rês
Que jogava xadrez?
Mas eu também gosto de jogar;
E já fui puto que gostava de vez em vez
Debaixo do braço transportar
Um jogo de xadrez.
Será que sou má rês?
Se ontem, aconteceu o que mais de insólito é de imaginar, hoje a situação chegou ao extremo.
Mas vamos aos factos:
Ontem, dos 8 jogadores que deveriam jogar, só 5 com
pareceram.
Resultado: dos 4 jogos previstos, só dois se realizaram sendo que, um terminou ao 9.º lance e outro ao 14.º. Será isto possível?
Tenho que admitir que sim, pois não me pareceu haver maldade no assunto.
No entanto, estas faltas de comparência, que a meu ver acabaram por “manchar” o torneio, deverão ser repensadas, ou seja, se já foi prevista uma caução de
1.000$00 (9,07 €) para quem não cumprisse os “mínimos”, no próximo, a caução deverá manter-se ou aumentar em termos de valor, e penalizar quem não compareça a qualquer uma das sessões.
Hoje, a irritação, deve-se com o facto de me parecer que numa das partidas, o vencido, desistiu cedo de mais, sem testar a força em finais, daquele que foi declarado vencedor e, consequentemente, “carimbando-lhe” o passaporte para o match final deste Campeonato Regional.
Não estou a apontar qualquer irregularidade, mas tão simplesmente, se com aquele final o jogo estava eventualmente ganho pelo adversário, porque não tentar chegar a melhor resultado, pois todos sabemos que muitos jogadores têm dificuldade em concretizar fina
is ganhos.
Mas isto é xadrez! E se eu gostava que…, tenho que aceitar que o que foi regularmente estabelecido, foi devidamente cumprido.
É aqui que começo a reflectir e a imaginar que se numa primeira vez não havia tempo de reflexão, agora já se começa a reflectir de mais, de tal forma que Mazzonni (um dos favoritos) foi eliminado devido ao facto de perder a partida com Daniel Lopes por causa do toque do
seu telemóvel. Espero contudo que esta maior reflexão, não se torne em “manha”.
E é assim que Eder Pereira e Daniel Lopes serão os finalistas deste Campeonato Regional, que está a ser uma marco histórico no xadrez cabo-verdiano.
O Eder, que este fim-de-semana se sentou à sombra da bananeira (em 3 jogos, perdeu 2 e ganhou 1 por falta de comparência do adversário) será um dos jogadores presentes no Torneio Internacional de Gaia a decorrer de
Nesta aventura, a A. Xadrez S. Vicente, estará ainda representada com a minha presença e com a do
Voltando, ao Regional, abaixo reproduzimos a partida que julgo ter “sentenciado” o Torneio, em termos de vencedor, bem como a partida que apurou Daniel Lopes.
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