13/07/09

DE CABO VERDE: REFLECTINDO DE MAIS

Primeiro que tudo, e como estou irritado, sugiro a leitura do poema do meu amigo Falcão d’Araújo:


MÁ RÊS


Era tarde, e a noite ameaçava.

Na rua, um puto.

Não sei com quem troçava

Mas aproximou-se e ouvi

-“Cuidado que é má rês”

E o que vi?

Que debaixo do braço, o puto

trazia, um jogo de xadrez.


-Queres jogar? – perguntou.

Joguei e perdi.

Voltei a jogar e voltei a perder

Insatisfeito, perguntei:

Quem és tu?

Quem sou, não sei,

Só sei que dizem que sou má rês

E jogo xadrez.


O Fischer certamente que não estava ali,

O Capablanca, menos ainda,

O Kasparov não o vi,

E a era do Alekhine há muito que estava finda.

Seria o Karpov?

Certamente que não, e em boa verdade

O Korchnoi, também não poderia ser,

Pois já não tinha idade.

Afinal quem era o puto?

Uma má rês

Que jogava xadrez?


Mas eu também gosto de jogar;

E já fui puto que gostava de vez em vez

Debaixo do braço transportar

Um jogo de xadrez.

Será que sou má rês?


Não me parece que eu ou alguém seja má rês só porque joga xadrez, no entanto ainda continuo irritado com o que se passou no Regional de S. Vicente durante este fim-de-semana.

Se ontem, aconteceu o que mais de insólito é de imaginar, hoje a situação chegou ao extremo.

Mas vamos aos factos:

Ontem, dos 8 jogadores que deveriam jogar, só 5 com

pareceram.

Resultado: dos 4 jogos previstos, só dois se realizaram sendo que, um terminou ao 9.º lance e outro ao 14.º. Será isto possível?

Tenho que admitir que sim, pois não me pareceu haver maldade no assunto.

No entanto, estas faltas de comparência, que a meu ver acabaram por “manchar” o torneio, deverão ser repensadas, ou seja, se já foi prevista uma caução de

1.000$00 (9,07 €) para quem não cumprisse os “mínimos”, no próximo, a caução deverá manter-se ou aumentar em termos de valor, e penalizar quem não compareça a qualquer uma das sessões.

Hoje, a irritação, deve-se com o facto de me parecer que numa das partidas, o vencido, desistiu cedo de mais, sem testar a força em finais, daquele que foi declarado vencedor e, consequentemente, “carimbando-lhe” o passaporte para o match final deste Campeonato Regional.

Não estou a apontar qualquer irregularidade, mas tão simplesmente, se com aquele final o jogo estava eventualmente ganho pelo adversário, porque não tentar chegar a melhor resultado, pois todos sabemos que muitos jogadores têm dificuldade em concretizar fina

is ganhos.

Mas isto é xadrez! E se eu gostava que…, tenho que aceitar que o que foi regularmente estabelecido, foi devidamente cumprido.

É aqui que começo a reflectir e a imaginar que se numa primeira vez não havia tempo de reflexão, agora já se começa a reflectir de mais, de tal forma que Mazzonni (um dos favoritos) foi eliminado devido ao facto de perder a partida com Daniel Lopes por causa do toque do

seu telemóvel. Espero contudo que esta maior reflexão, não se torne em “manha”.

E é assim que Eder Pereira e Daniel Lopes serão os finalistas deste Campeonato Regional, que está a ser uma marco histórico no xadrez cabo-verdiano.

O Eder, que este fim-de-semana se sentou à sombra da bananeira (em 3 jogos, perdeu 2 e ganhou 1 por falta de comparência do adversário) será um dos jogadores presentes no Torneio Internacional de Gaia a decorrer de 18 a 26 deste mês, esperando-se dele uma boa participação, mesmo atendendo ao facto de ser a primeira vez que sairá de S. Vicente.

Nesta aventura, a A. Xadrez S. Vicente, estará ainda representada com a minha presença e com a do Carlos Mões (campeão regional de rápidas), que conjuntamente com os jogadores de Angola e de S. Tomé, representaremos uma forte presença da África lusófona.

Voltando, ao Regional, abaixo reproduzimos a partida que julgo ter “sentenciado” o Torneio, em termos de vencedor, bem como a partida que apurou Daniel Lopes.








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