07/02/07

CARTA DE BORIS SPASSKY AO PRESIDENTE BUSH

Pelo interesse histórico, ajudo a divulgar uma carta que o ex-campeäo do mundo, Boris Spassky, escreveu ao presidente Bush (Pai), na altura mais quente, da perseguiçäo que foi feita ao génio Robert James Fischer.

"Sr. Presidente,

Em 1972, Bobby Fischer foi para os Estados Unidos da América, como um herói nacional.
Ele me venceu no match de Reykjavik.
A hegemonia soviética do xadrez foi derrubada.
Um homem ganhou contra um exército inteiro.
E esse mesmo Fischer parou então de jogar.
Repetiu a historia triste de Paul Morphy.
Com a idade de 21 anos, Morphy havía batido todos os jogadores europeus que encontrou pela frente.
Também, parou de jogar e, acabou sua trágica vida, com a idade de 47 anos, em New Orleans, 1884.

Em 1992, vinte anos depois de Reykjavik, aconteceu um milagre.
Fischer ressuscitou e jogamos um match na Jugoslávia.
Mas, naquela época havia sanções contra a Jugoslávia que proibiam a cidadãos americanos qualquer actividade neste território.
E Fischer violou as instruções do Departamento de Estado.
Ele foi enquadrado numa autorização para a detenção publicada em 15 de dezembro de 1992 pela Corte de Distrito nos E.U.A.
E quanto a mim, como cidadão francês desde 1978, não recebi nenhuma sanção por parte do Governo Francês.

Está claro que a lei é a lei.
Mas, o caso de Fischer é especial.
Sou um velho amigo de Bobby desde 1960, quando jogamos em Mar-del-Plata e compartílhei o 1º-2º lugares com ele.
Fischer tem uma personalidade trágica.
Constatei isso naquela época.
Mas, é um homem honesto e de boa natureza.

Absolutamente não social.
Ele não é adaptável ao quotidiano da vida.
Mas, tem um sentido muito alto de justiça e é pouco disposto a se comprometer, assim como, com sua própria consciência ou com as
pessoas.
É notável que faça muitas coisas que chegam a prejudicar a si mesmo.
Não quero defender ou justificar Bobby Fischer.
Ele é como é.
Estou pedindo somente uma coisa.
Apelando para a misericórdia e a caridade.
Se, por qualquer razão, isto for impossível, quero pedir o seguinte:
Corrija por favor o erro do meu presidente François Mitterand (França) em 1992.
Eu e Bobby cometemos o mesmo crime.
Sancione a mim também.
Prenda-me.
E me ponha na mesma cela que ele.
E nos dê um tabuleiro e peças de xadrez."



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