MINDELO - VIRIATOVITCH CHESS
Ontem, enquanto decorria a 1.ª sessão da fase intercalar do Regional Individual de S. Vicente (Cabo Verde), competição que estou a dirigir, dei por mim a pensar que o xadrez é uma “doença” sem cura.
Uma doença boa da qual pensava já estar curado. Puro engano. Mas, a história conta-se facilmente.
Desde 1984, altura em que não renovei o contrato de trabalho que tinha com a Câmara Municipal de Coruche (onde, entre outras coisas, era animador de xadrez), que não tinha contacto, a nível de competição e de organização, com a modalidade.
Por questões de ordem familiar e profissional, o xadrez afastou-se da minha vida (ou afastei-me dele) e durante cerca de 24 anos andamos de costas voltadas.
Para quem durante cerca de 9 anos (de
Um dia a “reforma” terminaria e, é assim, que por razões de ordem pessoal e profissional, um bonito dia decidi vir viver para Cabo Verde, mais concretamente para a cidade do Mindelo na Ilha de S. Vicente. Desde a minha chegada e durante cerca de 7 anos que o xadrez se foi aproximando de mim. Primeiro, ao ser um dos vencedores de um concurso de problemas organizado por um jornal local e depois, na sequência desse prémio, a tentativa de organizar um match por correspondência entre Portugal e Cabo Verde, que ainda chegou a iniciar-se mas que por falta de resposta dos locais não chegou a ter o final desejado.
É assim, que num belo dia, aparecem no meu estabelecimento, o
O torneio, para o qual não vi qualquer regulamento duvidando, até hoje, da sua existência, era constituído por 2 poules preliminares, a apurar, julgo que 3 jogadores de cada grupo para a poule final. Nesta fase, cada jogador jogaria 8 ou 9 partidas no seu grupo. Ao verificar o emparceiramento, apercebo-me que nas partidas que eu teria de jogar, só em 3 é que conduzia as peças brancas, facto pelo qual perguntei logo como tinha sido feito o emparceiramento. Até hoje ainda não percebi a explicação que me deram.
Antes de iniciar a primeira partida que disputei, verificando que na mesa estava a folha de anotação e o relógio, pergunto qual era o tempo de reflexão.
Aqui a resposta é a mais surpreendente que me podia acontecer, pois não houve resposta mas sim pergunta: qual tempo de reflexão? O que é isso?
Perante isto, “disparo”: então para que é que serve o relógio? A resposta não podia ser mais intrigante: para marcar o tempo.
É claro que este diálogo não estava a fazer qualquer sentido, facto pelo qual lá expliquei o que era o tempo de reflexão, exemplificando com 2:30H para 45 lances ou 2.00 H para 36 lances. Ficaram duvidosos e a olhar-me de soslaio, como quem diz “o que é que este gajo quer? Deve pensar que é bom.”
Não terminei o torneio porque entretanto adoeci, mas nas outras 2 ou 3 partidas que fiz, continuou a não haver tempo de reflexão.
Passado algum tempo, os organizadores do torneio, pretendendo reactivar a Associação de Xadrez de S. Vicente que estava sem actividade há uns bons anos, convidaram-me a participar numa reunião para esse fim. E é assim que de reunião em reunião, em Setembro de 2008, vejo-me empossado no cargo de vice-presidente a AXSV.
Na primeira reunião da novel direcção da Associação, o Presidente, que passado pouco tempo, devido a doença, viria a abandonar o cargo, propôs a realização de um torneio entre os 2 primeiros do torneio que atrás referi e os 2 primeiros de um torneio que se tinha realizado na capital. Fiquei a matutar naquela proposta e achei que um torneio com 4 jogadores era pouco, havia que fazer mais para divulgar o xadrez. Lá coloquei os meus contactos em marcha e na reunião seguinte apresentei a proposta para a realização dum Festival de Xadrez contanto com a presença do campeão de Portugal o GM António Fernandes. Ficaram todos a olhar para mim, certamente a pensar “este gajo é doido, alguma vez consegue fazer isto?”.
A verdade é que, já sem a colaboração do presidente, o Festival se realizou e o António Fernandes foi o cabeça de cartaz, já se realizaram o Regional de Rápidas, o match S. Vicente – St.º Antão, a primeira fase do Regional, a edição de um boletim, a criação de um site na net.
Voltando a ontem, e à 1.ª sessão da fase intermédia do Regional, olhando para aquelas mesas, equipadas com relógios digitais e sabendo que as partidas do Campeonato têm como tempo de reflexão 1:30H + 30 s, virei-me para o
É assim que esta boa “doença” voltou e permite que aqui já se jogue com regras, alguma qualidade e incerteza quanto a vencedores e vencidos.
Falando agora do Regional, na 1.ª sessão não houve surpresas, ou seja Alessandro Mazzonni, Eder Pereira e Daniel Lopes, venceram os seus adversários, respectivamente, Aires Fortes, Jorge Almeida e Antunio Barbosa.
Á partida, o jogo entre Natalino Silva e
Para hoje, na 2.ª sessão, prevê-se uma partida escaldante entre Alessandro Mazzonni e Eder Pereira, dois dos principais candidatos à vitória final, em que o italiano radicado em S. Vicente há bastantes anos, conduzirá as peças brancas.
Os restantes jogos são:
Aires Fortes –
Antunio Barbosa – Natalino Silva
Jorge Almeida – Daniel Lopes