(Artigo aqui publicado por JOSÉ CAVADAS)
O Xadrez para mim é uma filosofia de vida, um jogo, uma ciência, uma arte !
Boris Spassky, ex-Campeão do Mundo que perdeu o título para Bobby Fischer em 1972, em plena Guerra Fria, definiu o xadrez da seguinte forma:
«O xadrez é como a vida». E ele mostra coerência na sua afirmação.
Repare-se que o jogo de xadrez tem três fases: a abertura, o meio-jogo e o final.
Na vida temos a infância, a meia-idade e a velhice.
No xadrez, se tivermos uma boa abertura, se sairmos bem e com vantagem, teremos um meio-jogo consistente e um final seguro, ganhando facilmente a partida.
Na vida, se tivermos uma boa infância, temos estrutura para aguentar uma boa meia-idade e, provavelmente, uma velhice estável.
Por tudo isto, defendo que a criança deve ser iniciada no xadrez desde tenra idade, 6 ou 7 anos, para que aprenda a pensar.
E, sem se aperceber, entrará no raciocínio matemático, na aprendizagem do Português, no desenho, nas línguas estrangeiras (os livros sobre xadrez são sobretudo em espanhol e em inglês), na informática (com a Internet é possível buscar informação, jogar on-line, acompanhar ao segundo as partidas que estão a decorrer, verificar que torneios estão a realizar-se ou se realizaram).
Também há material de treino on-line, desde a iniciação até ao alto nível (ver, por exemplo, www.chessbase.com).
Quando começo a dar os primeiros treinos a crianças do 1º ciclo, solicito-lhes que tragam um caderno quadriculado, lápis, borracha e régua.
Para quê ?
Para desenharem os diagramas (tabuleiros) e aí colocarem as posições estudadas. Assim, aplicam técnicas de desenho.
Depois visualizam no espaço, mentalmente, os movimentos a efectuar e as suas variantes, repetidas vezes, desenvolvendo a memória visual.
Têm de conhecer bem o tabuleiro, saber a localização das várias casas, por exemplo: a casa “a1” é uma casa preta do lado das brancas onde está situada uma das Torres no início do jogo.
Outro exemplo: saber (sem ver o tabuleiro) todas as coordenadas da diagonal maior preta “ a1 a h8”.
É possível treinar a mente para este tipo de desafios.
As competições escolares e federadas são muito importantes porque implicam jogar com relógio.
Têm por isso de aprender a gerir o tempo, pois se ultrapassarem um determinado tempo perdem a partida.
Treinam-se assim para ser metódicos, ter regras, respeitar o adversário.
As competições são também importantes porque abrem os horizontes nas relações humanas e permitem fazer novas amizades.
As competições internacionais fomentam além disso a aprendizagem de línguas estrangeiras.
Nas competições em ritmo clássico, onde uma partida poderá demorar 4 horas, é preciso ter uma grande preparação física para manter um nível elevado de concentração.
Uma falha de concentração pode ditar a derrota ou mesmo o empate quando a vitória é o que se procura.
Neste ritmo de jogo, existem registos dos lances efectuados, logo, é possível reproduzir toda a partida que poderá ser analisada para identificar os erros cometidos e evitar que se repitam.
Um jogador que cometa muitos erros, por exemplo na abertura, não sabe jogar os primeiros lances, que são teóricos.
Terá de investigar em livros, na Internet ou nas bases de dados de partidas, a abertura que jogou, verificar onde cometeu o erro e apreender os planos estratégicos da abertura em causa.
Entramos assim no campo da investigação e aplicação do método científico. Na análise das suas próprias partidas, os jogadores têm de justificar – a si próprios e ao treinador – os lances que fizeram.
E têm de saber eliminar o erro da partida e aprender a recuperar, no jogo tal como vida! Dar a volta por cima !
Percebem agora porque é que eu ensino xadrez ?
Para formar os Homens de amanhã, com princípios éticos e competitivos.
Professor José Cavadas
Veja !
Academia de Xadrez da Benedita
em:
http://axbenedita.blogspot.com/