30/07/09

CARGAS DE CAVALARIA - SACRIFICIO DOS 2 CAVALOS


Cavalry charge - Viriatovitch Chess


viriatovitch - amaysing59
ICC, Internet Chess Club, 30.07.2009
ECO:B08

1.e4 Nc6 2.Nf3 d6 3.d4 Nf6 4.Nc3 g6 5.h3 Bg7 6.Be3 0-0

7.a3 e5 8.d5 Ne7 9.Bc4 Ne8;

[ 9...Nd7 ]

10.g4 f5 11.gxf5 gxf5 12.Qe2;

[ 12.Ng5 ]

12...f4;

[ 12...Nf6 ]

13.Bd2 Kh8 14.0-0-0 c6 15.h4;

[ 15.Rdg1 ]

15...c5;

[ 15...b5; 15...Nf6 ]

16.h5;

[ 16.Ng5 ]

16...Ng8;

[ 16...a6 ]

17.Rdg1 Nh6 18.Nh4;

[ 18.Rg2 ]

18...Qe7; As negras parecem ter tudo protegido.

[ 18...a6; 18...Nf6; 18...Rg8; Esta devia ser a melhor maneira de oferecer resistência. ]

Hesitei um pouco antes de executar o próximo lance.
Temia, estar deslumbrado por algum espelhismo que me fizesse sobrestimar a minha posição.


19.Ng6+ !!;

Impaciente e amante do jogo intenso anulei todas as minhas inquietações e concentrei energias para encontrar o melhor seguimento para o sacrificio de cavalo que o cerebro gritava à minha mão.

[ 19.Ba2; 19.Rh2 ]

19...hxg6 20.hxg6 a6 21.Nb1 b5 22.Ba2 Rb8 23.Rh2 Kg8 24.f3 b4

25.Qg2 bxa3;

[ 25...a5; 25...Qb7 ]

26.Nxa3 Nc7;

[ 26...Nf6 ]

27.Nc4 Rf6 28.Na5 Bd7 29.Rgh1 Qf8 30.Qg5 Be8;

[ 30...Nb5 ]

31.Rxh6 Bxh6 32.Rxh6 Qg7 33.Nc6 + -; A vantagem posicional das brancas em troca da peça ligeira sacrificada é agora evidente.

33...Rb7;

[ 33...Bxc6 34.dxc6+ Ne6
( 34...Kf8 35.Qh5 Ne8 36.Rh8+ Ke7 37.Rh7 1:0 )
35.Ba5 Rbf8 36.Bd8 Rxd8 37.Bxe6+ Kf8 38.c7 Ra8 39.Qh5 Rxe6 40.Rh8+ Ke7
41.Rxa8 1:0 ]

34.Ba5;

[ 34.Be1 ]

34...Bxg6;

E eis a segunda carga da cavalaria de modo a deitar o inimigo de ocasião por terra !


35.Ne7+ !;


35...Kf7;

[ 35...Qxe7 ? 36.Rxg6+ Rxg6 37.Qxe7 1:0 ]

36.Nxg6 Rxg6 37.Qf5+ Rf6 38.Rxf6+ Qxf6 39.Qc8 Qg7 40.b3 Qg1+ 41.Kb2 Ke7

42.Qxb7 Kf6 43.Qxc7 Qg2 44.Qxd6+ Kf7 45.Qe6+ Kf8 46.d6 Qg5 47.d7;
1-0


>>

29/07/09

O OPEN DE ANDORRA 2009, VISTO POR DENTRO


Daniel Jose vs "Viriatovitch", Open de Andorra 2009 - Foto FEVA


Não há nenhum discurso politico que resista a mau xadrez.

O Open de Andorra, edição 2009, correu muito mal em termos desportivos à comitiva portuguesa.

O Paulo Costa, descobriu já um pouco tarde que para se competir contra esta gente tem de se jogar "à portuguesa";
tentar atacar forte e feio e lutar pela iniciativa assim que fôr possivel.
Em conversa, concluimos os dois da vital importancia de disputar, com pouco tempo de antecedência, uma outra competição de força semelhante.
A ideia é chegar a este torneio preparados para a dureza posicional dos adversários.
No meu caso, era para ter sido Benasque 2009, que decorreu de 03 a 12 de Julho e que só não foi por problemas a nivel profissional.

O António Russo, já vinha com ela fisgada e alguns foram os "barretes" conseguidos e muitos mais os tentados.


António Russo - Viriatovitch Chess


Pecou, pela falta de tabuleiro, inibidora de uma percepção do perigo mais apurada.
Em Maio, ele tinha participado na edição deste ano, do torneio do Hotel D. Luis em Coimbra. Uma vez mais, para encurtar intervalos de tempo, ainda teria que ter jogado uma outra competição em Junho ou incio de Julho.
Pequei pelo mesmo mal, pensando que o Open de Salou em que participei em Maio já me daria algum traquejo para defrontar xadrezistas que fazem em média 7 torneios por ano...

O Paulo Rocha, é relativamente novo nestas andanças.
Nada lhe pode ser exigido, a não ser que o seu amor pelo xadrez se mantenha por muitos e bons anos.

Em relação a mim, continuo assustado com os meus sacrificios de miragem que me fazem deitar fora boas posições.
O Rui Damaso, disse-me o ano passado em Portugal que eu tentava jogar táctico.
Pois...tentar é a forma correcta de descrever um jogo normalmente demasiado agressivo para o que se passa no tabuleiro.
Só que, quem quer jogar na corda-bamba tem de ver tudo ou quase e infelizmente tenho dias onde o melhor que fazia era jogar tranquilamente em vez de me armar em herói.

Resumindo, notei no Paulo Costa algum tempo gasto para se adaptar e jogar o estilo de jogo mais conveniente para defrontar esta gente.
É que a competição em Portugal não prepara para embates como este !
Aliás, competição que ao nivel de partidas lentas quase não existe e menos ainda a um nivel competitivo forte.
No Open de Andorra perde-se uma partida e pode tocar jogar a seguinte com um oponente ainda mais forte que o anterior !

No António Russo, alguma falta de preparação nas aberturas e planificação das partidas.
Bem, pelo menos, foi o único dos visitantes portugueses que chegou a ver alguma coisa de Andorra como turista.

Em mim, nas aberturas ainda tenho muitos pontos a melhorar.
A necessidade urgente de avaliar correctamente o que se passa no tabuleiro e o treino indispensável para melhorar o cálculo no meio-jogo, de forma a não achar que tenho vários caminhos para ganhar igualmente bons, será prioridade nos próximos meses.

Em termos pessoais, não tenho nenhuma dúvida que perdi uma boa oportunidade de fazer um bom torneio. Estendo esta observação ao Paulo Costa e António Russo.

À 5ª ronda levava 3 pontos e nas restantes 4 sessões que faltavam, conseguir mais 1,5 a 2 pontos estava perfeitamente ao meu alcance.
Atrevia-me a dizer que ter defrontado 3 xadrezistas indianos não me ajudou.
Perdi na 1ª ronda contra uma WGM, de nome Eesha Karavade, 2386 elo FIDE.
De xadrez sólido e grande velocidade de execução, a xadrezista indiana não teve nenhuma dificuldade em conseguir o ponto, mais ainda por eu ter revelado grande indecisão na escolha de um plano de jogo, caindo facilmente em desvantagem.

Na 3ª sessão, com um puto maravilha, que daqui a poucos anos seguramente pertencerá à elite mundial, dei luta !
Em apuros de tempo para ambos os lados, acabei por não conseguir encontrar sempre o melhor lance possivel, num jogo agudo e de cortar a respiração.
Os últimos 20 lances da partida foram efectuados na contagem decrescente dos 30 segundos, à espera de jogar e receber outros 30 !
Eis, a foto consentida pelo jovem prodigio para o Viriatovitch Chess.


Khosla Shiven, 13 anos, 2235 FIDE - Viriatovitch Chess


Na ronda 6, outro indiano !
E veio daqui o descalabro.
Parecia-me inacreditável !
Com representantes de 22 Paises, já ia no terceiro xadrezista oriundo das terras do Campeão do Mundo "Vishy" Anand !
Foi esta a partida que virou o torneio contra mim;


Aniruddha Deshpande, 20 anos, 2211 FIDE - Viriatovitch Chess


Ao pensar estar a sacrificar um bispo por um peão do roque curto do meu adversário, na adrenalina da luta, passa-me por alto,
que afinal o bispo que estou a sacrificar...são 2 !
Este foi o erro mais grave que cometi durante todo o Open e veio na pior altura.
Fiquei sem peças suficientes para atacar convenientemente o rei inimigo e abatido abandonei pouco depois.

Chego à 7ª ronda, onde defronto um amigo do meu clube em Andorra (GEVA), que já me conhece o suficiente para não arriscar nada na sua partida contra mim.
A abertura que executou, pretendia adormecer-me e mostrava a intenção, caso as coisas corressem mal, de conseguir ao menos um empate.

Na 8ª ronda, calha-me em sorteio uma WIM romena, que por acaso é a mulher do GM Mihail Marin que poucos dias antes venceu o Open de Benasque e que neste torneio acabou em 2º lugar depois de acordar, combinar, pré-combinar, o que tenha sido, um empate de salão na última ronda contra o GM francês Romain Edouard que seria o vencedor do Andorra 2009.
Nesta partida joguei como um "Kamikaze" e nem me dei sequer ao trabalho de camuflar as minhas intenções de sacrificio !
Enquanto, ia tendo o GM Marin nas minhas costas a ver a partida quase lance a lance,
tarde me apercebi que havia um petiz (o filho do casal !), a fazer viagens de ida e volta pelo salão acabando as mesmas em "segredos" contados ao ouvido na WIM que com mais de 500 partidas na Megadatabase 2009 não joga mais do que muitos xadrezistas de café que conheci pela minha vida fora.
Um peão, um cavalo e uma torre depois, apercebo-me que estou irremediávelmente perdido já que xeque-mate não havia.

Domingo, dia 26 de Julho, 9ª e última ronda; o adversário do dia teria sido uma presa relativamente fácil e a minha vitória iria impedir que perdesse 3 ou 4 pontos elo FIDE na competição.
No entanto, o filho mais novo do presidente da Federação Andorrana de Xadrez, enquanto eu efectuava estas reflexões dormia na sua cama depois de uma noite incansável de "trabalho" que na malta mais nova as passagens de Sábado para Domingo tantas vezes a isso obrigam...

Ao ver a classificação final, 101º no Open (era 0 108ª inicial pelo ranking),
a minha frustação era enorme; o adversário menos cotado com quem perdi tinha 2095 de elo FIDE e o mais credenciado a quem ganhei possuia 2100.
Ainda assim, ia perder elo e não teria nenhuma possibilidade de ser 1º ou 2º da minha categoria (1850/1999 elo FIDE), porque simplesmente com um destes nenhuma partida realizei !
Eu era mais indianos acabadinhos de chegar de Benasque, Dubai e outras competições...

Apesar de tudo, tive uma partida que escapou ao mote da loucura e onde considero que joguei a um nivel aceitável.
Foi o jogo da ronda 5, onde fui superior a um jogador olimpico de Andorra, que com os seus 2100 de elo internacional, nunca chegou a entrar na partida e a lêr os pontos chave da mesma.
A parte final, é importante por revelar a importancia das matizes psicológicas no jogo de xadrez.

Joan Fernandez (2100) - António Viriato Ferreira (1915)
Open Internacional de Andorra Hotel St. Gothard, Erts (5.44), 28.07.2009
ECO: C44

1.e4 e6 2.d3 d5 3.Nd2 Nc6 (c5) 4.Ngf3;


4...,e5 !?;


Este movimento foi jogado pela primeira vez na partida Walter John - Leo Forgacs, em 1907.
O xadrezista mais reputado a executar este lance foi Viktor Kupreichik, no Torneio de Hastings 81/82, onde derrotou Anatoly Lein.

5.g3; Assim, foi jogado na partida de 1983, Axel Hittinger vs Albert Von Spreckelsen, no Open de Helmbrechts.

5...Nf6;

[ 5...dxe4 6.dxe4 Qf6 7.c3 Bg4 8.h3 Bd7 9.b4 oo] 6.Bg2

[ 6.exd5 Nxd5
( 6...Qxd5 7.Bg2 Bc5 8.Nb3 Bb6 9.0-0 Qd6 10.a4 +/= )
7.Bg2 Bc5 8.0-0 0-0 9.Re1 Nf6 10.Qe2 Be6 11.Nb3
( 11.Nxe5 ?? Nxe5 - + 12.Qxe5 Bxf2+ 0:1 )
11...Bd6 12.d4 Re8 13.dxe5 Nxe5 14.Nxe5 Bxb3 15.axb3 Rxe5 16.Be3 c6
17.Qd1 +/= ]

6...Bg4;

[ 6...d4 ]

7.h3; Há uma única partida que regista a mesma opção das brancas;
Miroslav Palek vs Vaclav Contos, 2007.

7...Bxf3; Uma novidade, presumo.

[ 7...Bh5 8.g4 Bg6 9.Nh4 d4 oo ]

8.Bxf3;
Na anteriormente citada partida, as negras optaram por, 7...,Bh5.

[ 8.Nxf3 ? dxe4 9.Ng5 exd3 10.0-0 h6 11.Ne4 Nxe4 12.Bxe4 Qd7 13.Qxd3 Qxd3
14.Bxd3 Bc5 -/+;
8.Qxf3 ! +/= ]

8...d4; as negras fecham o centro e a estratégia a executar passa por trocar o seu bispo de casas negras pelo bispo adversário da mesma cor.

[ 8...Qd7 ]

9.Bg2 +/=;

[ 9.0-0 +/= ]

9...Be7;

[ 9...Qd7 10.0-0 h5 11.Nc4 0-0-0 12.f4 Bd6 13.Rb1 Rhe8 14.b4 */=;
As complicações parecem ser favoráveis ao jogo das brancas. ]

10.0-0 0-0;

[ 10...h5 ]

11.Nb3 a5 12.Bd2;

[ 12.a4 Qd7 13.f4 +/= ]

12...a4 13.Nc1 a3 14.b3;

[ 14.Rb1 ! axb2 15.Rxb2 b6 16.f4 Ba3 17.Rb5 Bd6 18.Rb2 Re8 19.Ne2 =;
14.bxa3 ?! Bxa3 15.f4 b6 16.fxe5 Nxe5 17.Bg5 Re8 18.Bxf6 gxf6
19.Qh5 Bb2 20.Rb1 Bxc1 21.Rbxc1 Rxa2 22.Rf2 Re6 23.Rcf1 Qd6 =/+;
as brancas não parecem ter compensação suficiente pelo peão cedido. ]

14...Bb4 15.f4;

[ 15.Ne2 Bxd2 16.Qxd2 Qd6 17.f4 Nd7 18.c4 00 ]

15...Bxd2 16.Qxd2 Nd7;

[ 16...Re8 17.b4 Qd6 18.b5 Na7 19.Rb1 Qc5 20.Nb3 Qb6 21.fxe5 Rxe5
22.Qf4 Rae8 23.Nd2 Nxb5 24.Nc4 Qc5 25.Nxe5 Rxe5 oo ]

17.f5 ?!; Pareceu-me, logo na partida real, ser uma imprecisão.
As brancas desistem de pressionar o peão negro em "e5", permitindo a mobilização de peças para a ala de dama.

[ 17.Ne2 ! Qe7 18.Rac1 Qc5 19.Kh1 ! +/=;
As brancas não têm nada a temer.
( 19.fxe5 ? Nb4 20.Rf5 Nxa2 21.Ra1 Nc3 22.e6 Nxe2+ 23.Qxe2 Ne5
24.exf7+ Rxf7 25.Qh5 Qc3
( 25...Qxc2 ? 26.Rxe5 a2 27.Rc5 Qf2+ 28.Kh1 Qb2 29.Rcc1 c6 30.Bf3 Raf8
31.Be2 Rf2 32.Re1 Kh8 33.Kg1 b6 34.Qg4 Qxb3 35.e5 Qd5 36.Qe4 Qxe4
37.dxe4 +/- )
26.Qd1 Re7 -/+ ]

17...Qe7 =/+;

[ 17...b5 !? ]

18.Ne2 Rfd8 19.Kh2;

[ 19.c3; 19.c4 ]


19...Ra6;


As negras preparam-se para pressionar o peão "c2" das brancas ao máximo.

[ 19...Nb4 ]

20.Ng1;

[ 20.c4 dxc3 21.Qxc3 Nf6 22.Rfd1 Nb4 23.d4 Rc6 24.Qf3 exd4 25.Rxd4 Rcd6
26.Rxd6 Rxd6 27.Nf4 Qe5 28.Rd1 Ne8 29.Nd3
( 29.Rxd6 Nxd6 30.Nd3 Nxd3 31.Qxd3 Qb2 -/+ )
29...Nxd3 30.Rxd3 c5 31.Qe3 Rxd3 32.Qxd3 Nd6 33.Qc2 b5 34.Qc1 b4 35.h4 Nb5
36.Qd2 h5 37.Qd8+ Kh7 38.Qd7 Nd6 39.Qa7 Qd4 40.Qe7 c4 41.e5 Nxf5
42.Qxf7 Qg4 43.Qxc4 Qxc4 44.bxc4 b3 0:1;
20.c3 ]

20...Qb4;

[ 20...Nb4 21.Rfc1 Rc6 22.Ne2 Nf6 23.Ng1 Qd6 24.Qd1 Re8 25.Qd2 Qc5
26.Ne2 Rd8 27.Kh1 h6 28.Kh2 Qb5 29.Kh1 Rd7 30.Kh2 Rdd6 - +;
O Fritz, continua a dar vantagem decisiva para as negras, no entanto, não se vê nenhuma evolução na posição para chegar à vitória. ]

21.Qd1;

[ 21.Qxb4 ? Nxb4 22.Rf2 Rc6 23.Nf3 Nxc2 24.Rc1 Ne3 25.Rxc6 bxc6 -/+ ]

21...Qc3;

[ 21...b5 ]

22.Nf3;

[ 22.Ne2 Qc5 23.Ng1 Nb4 24.Rf2 Rc6 25.Rd2 Kf8 =/+;
As negras estão ligeiramente melhor, no entanto, não é nitida a maneira
de entrar na posição das brancas.
É que só existe um ponto de ataque e seria necessário haver ou criar uma segunda debilidade para concretizar decisivamente a vantagem posicional. ]

22...Nb4 23.Rf2 Rc6;

[ 23...b5 =/+ ]

24.Qg1 Qb2; A componente psicológica revela-se aqui factor essencial na decisão da partida.
O último movimento das brancas pareceu-me ser para evitar a entrada das negras com a dama em "b2".
Por isso, as negras jogam aqui para o "barrete".
De maneira nenhuma podem tomar o peao de "a2".
As expectativas que tinha centravam-se na possibilidade das brancas não terem visto a réplica, 25.Tb1 ! como resposta a 24...Db2.
Caso, as brancas, contra o que parecia ser, vissem esta resposta, então a dama negra teria novamente de recuar e eu teria de procurar outra forma de jogar para ganhar
(o que não se adivinhava fácil).
Penso, que a diferença de quase 200 pontos elo foi aqui fulcral para o xadrezista de brancas pensar que eu me tinha enganado ao jogar como joguei.

25.c4 ?; As brancas mordem o isco !
Este é o caminho natural para ganhar a dama negra, só que, também o é para a derrota.

[ 25.Rb1 !; Qc3; A única solução seria retroceder com a dama e não ir à caça do indigesto peão branco de "a2"
( 25...Qxa2 ?? 26.c4 ! dxc3 27.Rxa2 Nxa2 28.Qa7 c2 29.Ra1 c1=Q
30.Rxc1 Nxc1 31.Qxa3 Re8 32.d4 exd4 33.Nxd4 Rc5 34.f6 gxf6
35.b4 Rc4 36.Nf5 + - )
26.Ra1 Re8
( 26...Qc5 27.Qd1 Re8 28.Kg1 Nf6 - +;
Uma vez mais, as negras prevalecem com a sua vantagem posicional decisiva, mas os caminhos continuam por desbravar. )
27.Rd2 Nf6 28.Qd1 b5 29.Ng1 Kf8 - +;


25...dxc3 ! - +;


As consequências desta decisão foram calculadas com antecedência.

[ 25...Qc3 ? 26.Rc1 Qxd3 27.Qe1 Na6 28.Re2 Nac5 29.Rd1 Qc3 30.Qxc3 dxc3 31.Nxe5 Rd6 32.Rxd6 cxd6 33.Nxd7 Nd3 34.Rc2 Nb4 35.Rxc3 Nxa2 36.Rd3 Rxd7 37.e5 Nc1 38.Rc3 Na2 39.Rd3 Nc1 40.Rc3 Na2 41.Rd3 1/2:1/2 ]

26.d4; o meu oponente nem tenta testar a validade do sacrificio de dama !
Eu não hesitaria em fazê-lo. Nunca se sabe, até que ponto o mesmo era absolutamente válido. Para mais, a alternativa jogada perde rapidamente.

[ 26.Rb1 Nxd3 27.Rbxb2 axb2 28.Rc2 Nb4 29.Rxb2 cxb2 30.Qb1 Nd3 31.Qxd3 Rc1
32.Nd2 Rd1 33.h4 Rxd2 34.Qb1 Nc5 35.f6 Re2 36.fxg7 Rdd2 37.Kh3 h5
38.Qf1 Rxg2 0:1;
26.Rxb2 axb2 27.Rb1 c2 28.Rxb2 c1Q 29.Qxc1 Rxc1 30.d4 exd4 31.Nxd4 Ne5
32.Nf3 Nxf3+ 33.Bxf3 Nc2 34.g4 Rd2+ 35.Kg3 Rf1 36.e5 Rxf3+ 37.Kxf3 Ne1+
38.Ke4 Rxb2 0:1 ]

26...c2 27.d5 Qxa1; Com pouco mais de 1 minuto no relógio e em posição completamente perdida, as brancas abandonam.
0-1

Podem ver aqui a reportagem final sobre o Open de Andorra 2009 publicada na Chessbase noticias.


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28/07/09

VIRIATOVITCH, 1º CLASSIFICADO EM ESCALDES-ENGORDANY


António Viriato Ferreira - Foto de Oscar de La Riva


No torneio de partidas rápidas, integrado nas festas de Escaldes-Engordany,
paróquia vizinha de Andorra la Vella, realizei 7,5 em 8, conseguindo o 1º lugar na edição 2009 desta competição.
A prova teve lugar ontem, dia 27 de Julho e serviu também para inaugurar as novas instalações do clube GEVA.
A noticia é dada com pormenor no sitio da Federação Andorrana de Xadrez -
Escacs Andorra.


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26/07/09

EDOUARD ROMAIN, CAMPEÃO DO OPEN DE ANDORRA 2009


Edouard Romain - Viriatovitch Chess


O GM francês Edouard Romain, foi o justo vencedor do Open Internacional de Andorra 2009.
O jovem e recente GM, revelou nervos de aço, maturidade de jogo e uma enorme vontade de ser ele desta vez o campeão do principal torneio de xadrez do Pricipado de Andorra e actualmente um dos mais fortes da Europa.

Podem consultar os resultados finais clicando no Chess-Results.

Conto, mais logo, deixar impressões mais detalhadas sobre alguns dos acontecimentos deste Open que juntou em competição de 18 a 26 de Julho, 160 xadrezistas profissionais e aficionados, oriundos de 22 Paises, entre os quais 4 de nacionalidade portuguesa e 2 de Angola.


Paulo Costa, António Russo, Manuel Alberto e "Viriatovitch"


Até lá, um forte abraço !


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25/07/09

XADREZ, CULTURA E SOCIEDADE - POR SÉRGIO ROCHA

Decidi aceitar o convite do autor deste blogue, para publicar algo sobre xadrez, por considerar que o mesmo trata o nobre jogo, que nos entusiasma, com dignidade.
Assim a maior dificuldade foi escolher um assunto que pudesse interessar aos leitores que convido desde já a dizerem de sua justiça.
Quando há algum tempo li o artigo do Rui Marques intitulado Piço Nº 1 fiz uma retrospectiva acerca dos locais onde já tive o prazer de jogar xadrez e onde tinha sido tratado como se fosse um dos príncipes da modalidade, mas estando naturalmente enquadrado na patente de “Piço”. Essa retrospectiva fez-me recordar Batumi, na Geórgia, em 1999 onde integrado na Selecção Nacional joguei o Campeonato da Europa. Muito embora essa viagem não tenha sido das melhores programadas pela FPX, dado que ao chegarmos a Batumi descobrimos que apenas duas equipas tinham voado para Tbilissi, sendo uma delas obviamente a portuguesa e que por conseguinte fomos obrigados a fazer uma viagem de 13 horas de autocarro, pelo meio das mais incríveis estradas que possam imaginar no continente europeu. A FPX ou os agentes de viagem não sabiam que havia um aeroporto em Batumi, foi a justificação dada na altura.
Após esta aventura, que tivemos de repetir no regresso, começaram a chegar as boas surpresas. A primeira foi a habitação que nos estava reservada, um chalé de três andares à beira da praia (pena não ser Verão) totalmente reservada para a comitiva portuguesa, mas o melhor ainda estava para vir…
Apesar de já ter jogado em várias cidades ou países esta foi a primeira vez que “o Xadrez” era o acontecimento mais importante da cidade e do país, as transmissões televisivas dedicavam-lhe no mínimo três horas diárias, os chefes políticos, primeiro-ministro incluído, marcaram presença no evento, respirava-se xadrez na cidade, a modalidade estava incluída nos valores e tradições culturais da sociedade.
Não será por isso de estranhar as restantes surpresas que nos destinavam, sendo a que mais recordo, a de ter dois carros da polícia a servir de escolta ao nosso (comitiva Portuguesa) autocarro de forma a parar e desviar o trânsito à nossa passagem. “Abram alas para os piços”…
Naturalmente que, para nossa tristeza, Portugal está bem longe destes valores culturais e sociais, mas também porque a comunidade xadrezistica nem sempre valoriza os efeitos ou virtudes do seu jogo de eleição, dando por vezes relevância a “pistoleiros de sofá” que nunca se dignaram sequer a ensinar qualquer criança a jogar ou a promover qualquer actividade dentro da nossa modalidade, mas que teimam em infestar o desenvolvimento da modalidade como moscas em redor duma sardinhada.
É muito importante que os diversos agentes da modalidade convirjam rapidamente para um objectivo comum, a promoção do xadrez português, deixando de vez as guerras feudais que se desenrolam à volta dos seus quintais e cujo futuro, que podemos antever como consequência, será a definitiva capitulação do xadrez.

Como não quero entediar os leitores apresento uma das posições que mais me impressionaram no xadrez e deixo um pequeno desafio que deverá ser resolvido sem a ajuda dos “monstros de silicone”.
Jogam as brancas, onde acham que o rei preto vai ser executado e quem se move para efectuar Xeque fatal?












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