19/06/07

Philidor, Morphy, Alekhine, Fischer, Kasparov...


Quem pode ser considerado o melhor jogador de xadrez de sempre no Planeta Terra ?

Houve jogadores que estiveram à frente do seu tempo, sem oponentes à altura e inovadores nos conçeitos práticos introduzidos.

O françês, François-André Philidor, não teve rivais no século XVIII.
Ao expôr a força do jogo sistemático e o papel das estructuras de peões, Philidor estava virtualmente adiantado um século no desenvolvimento da teoria xadrezistica.

Paul Morphy (1837-1884), com o seu jogo prático e bem fundamentado, pulverizou todos os pretendentes a melhor jogador de xadrez do Mundo na sua época, à excepção de Wilhelm Steinitz (1836-1900), com quem nunca chegou, oficialmente, a defrontar-se no tabuleiro.
As partidas de Morphy, revelam grande mobilidade, realçam o valor dos tempos, em planos visionários, numa avaliação de estratégia dinamica, culminando num formidável poder táctico.
Provou, com o seu legado de partidas, que o valor material depende da posição momentanea e que o xadrez é na realidade 99% cálculo de variantes.

Depois de Paul Morphy, aconteceram três revoluções evolutivas até aos dias de hoje.

Com, Alexander Alekhine, encontramos um dos expoentes máximos do xadrez como arte, apoiado já em principios modernos e talento puro.
Jogo activo, buscando a iniciativa e posições de jogo favoráveis.
Assentava o seu jogo, em termos estratégicos, na procura do dominio das casas de uma determinada côr, sendo, este principio posicional vísivel na maioria das suas partidas.
Possuidor de um sentido táctico fabuloso, assente na construção de jogo no que agora chamamos principios clássicos.
Possuia uma habilidade formidável para reconhecer esquemas de peças.

Com, Robert James Fischer;
Preparação séria das aberturas, sobre visão própria e a sua intrinseca ligação ao meio-jogo e possibilidades de finais de partida.
A exploração de ideias não ortodoxas e a especialização em determinadas linhas de jogo, com as suas estructuras móveis, esquelécticas, ideias e planos, fizeram de Fischer, na minha opinião, o jogador de xadrez mais forte de todos os tempos.
Era possuidor de um jogo psicológico dominador e férrea confiança pessoal.
Em 1972, é consagrado campeão do Mundo, tendo batido com facilidade Boris Spassky.
Näo tinha atingido, ainda, o máximo do seu tremendo potencial para o xadrez, mas, já era extra-terrestre, para os pretensos rivais.

Com, Gary Kasparov;
Uma fábrica de novidades.
A busca da verdade.
O xadrez com novos paradigmas.
Dinamico, intuitivo, energético, mas, muito mais ainda.
Um xadrez que provocava e sobrevivia ao caos.
Punha a ridiculo, os grandes mestres do tabuleiro, que assentam o seu jogo na banalidade dos principios estratégicos açeites, näo tendo talento e inteligência para entenderem que as excepçöes às regras definem o jogador excepcional.
Tal como Fischer, fez o que pode para dar ao xadrez o máximo de visibilidade como desporto e o seu papel continua como pedagôgo e na sua luta politica para uma real democratizaçäo da Rússia.

As revoluções personificadas no xadrez, ultrupassam a questão do estilo de jogo.
Qualquer estilo é bom, desde que conduza ao triunfo limpo.
No entanto, o xadrez no século XXI, näo se compadece com a falta de talento puro, elevada creatividade, soberba capacidade de cálculo e dominio profundo das excepções aos conçeitos estratégicos dogmatizados.

Na minha abordagem, aos melhores jogadores de xadrez de todos os tempos, deixei de parte, os que usando estratagemas, ou realidades sociais e politicas da época, conseguiram ter e manter titulos mundiais que, ou nunca teriam ganho ou que teriam perdido rapidamente.
Refiro-me a Lasker, ao genial Raúl Capablanca, a Botwinik e Karpov.

Tenho grande apresso por Paul Keres, mas, este recusou disputar o titulo mundial com Alekhine.

Mikhail Talh, era fabuloso, mas, por várias razöes, o seu apogeu como jogador não durou mais de 3 anos.

Na actualidade, Alexandre Morosevich, é uma lufada de ar fresco, mas, o seu jogo intencional e creativo, no entanto, esbarra algumas vezes, no estilo fritziano de alguns dos seus rivais.
Ainda, está a tempo, de escrever o seu nome na história do jogo, como campeão do Mundo.

A nova revolução já se adivinha.
Procura-se, ser humano, com capacidade para derrotar qualquer programa informático de xadrez, por mais milhöes de lances brutos que calcule por segundo e profundidade.
Este ideal deve ser encarado seriamente, devendo haver um esforço unificado dos melhores jogadores do Mundo, para prepararem um deles para varrer a base de dados com os milhöes de partidas anteriores, trazendo ideias novas a lume.
Xadrez concreto, avaliação posicional correcta, desmistificando o poder cibernético.
Este poderá ser o Match do século XXI !

Aposto, no adolescente GM noruguês Magnus Carlsen, para devolver, no futuro, o titulo de campeão do Mundo à Humanidade.
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2 comentários:

  1. Estou a ter um primeiro contacto com o seu blog, que é sem dúvida espectacular, no entanto, dizer que Lasker, Capablanca ou mesmo Karpov "conseguiram ter e manter titulos mundiais que, ou nunca teriam ganho ou que teriam perdido rapidamente" graças a "estratagemas, ou realidades sociais e politicas da época",
    é naturalmente uma total aberração, que estranho inclusivamente ser a sua legítima opinião, mais parecendo o resultado de uma qualquer tradução automática...(desculpe mas foi o que pareceu).

    Lasker e Capablanca provinham de meios sociais elitistas (aliás, tal como Alekhine) numa época em que o xadrez não era acessível à generalidade da população mundial, porém, não tinham culpa disso e venceram inapelavelmente todos os que se lhes opuseram, ao longo de carreiras que falam por si.

    Quanto a Karpov, entre 1975 e 1985, venceu categoricamente todos os candidatos ao título existentes no planeta, considerando que Fischer se auto excluiu dessa população e que os supostos condicionamentos psicológicos de Korchnoy nos seus matchs com ele não passam de mitos.

    Quanto à nova revolução para o séc XXI, receio muito não vir a concretizar-se agora nem nunca, não existe qualquer "soma de preparações humanas" que habilite um humano para poder contestar o actual poder cibernético.

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  2. Caro, António Castanheira !
    Bem vindo ao Viriatovitch Chess !
    Agradeço o seu comentário, fico feliz pelo seu aparecimento neste blog e espero que retorne com todos os comentários que entender convenientes.
    Assim, que eu tiver um pouco de tempo, publicarei outro artigo, mais detalhado, sobre o assunto em questão.
    Considere, apenas, que tenho profunda admiração pelo jogo de José Raul Capablanca.
    A questão aqui é outra.
    Saudações e bem-vindo !
    "Viriatovitch"

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