Andor Lilienthal
O último dos primeiros Grandes-mestres, faleceu Sábado passado, dia 8 de Maio de 2010, 3 dias depois do seu 99º aniversário.
Andor Liliennthal, conheceu pessoalmente todos os Campeões do Mundo de xadrez à excepção do primeiro, William Steinitz.
Chegou a ser anfitrião e amigo pessoal do maior de todos eles - "Bobby" Fischer.
Aos 58 anos de idade publicou a sua auto-biografia sem suspeitar que meia vida ainda ia ter por diante.
De origem russa nasceu em Moscovo, no entanto, a sua familia cedo se mudou para Budapeste, onde o anti-semitismo soviético era menos agressivo.
Ali, aprendeu a jogar xadrez em idade tardia, aos 16 anos, conseguindo ainda assim recuperar o tempo perdido em passos de gigante.
A sua paixão, aliada do seu talento natural para o jogo do xadrez, levaram-no em tenra idade ao Café de la Regence de Paris, onde derrotou com surpresa o então Campeão do Mundo Alexander Alekhine numa série de partidas rápidas.
Provavelmente, o xadrez salvou a vida a Lilienthal, pelo menos numa ocasião;
graças a uma estrondosa victória sobre o lendário Raul Capablanca, foi convidado a participar no Torneio de Moscovo de 1935.
Desta forma, o destino se encarregou de afastar o heroi desta história real da cidade de Budapeste na altura da ocupação nazi.
Após, os anos turbulentos da Segunda Guerra Mundial, a Federação Internacional de Xadrez criou o titulo oficial de Grande-mestre.
Lilienthal, foi um dos primeiros 27 eleitos a recebe-lo.
Em 1992, quando "Bobby" Fischer reapareceu na Jugoslávia para a reedição do match de 1972 contra Boris Spassky, Lilienthal era somente mais um admirador presente que não queria perder o acontecimento.
Quando Fischer o viu sentado entre os assistentes à sua primeira conferência de imprensa gritou-lhe "e5xf6!!".
A referência era feita em tributo a uma das partidas mais famosas de todos os tempos e onde Lilienthal se impôs a Capablanca num poderoso sacrificio de dama.
Foi assim o começo da amizade entre estes dois homens e quando Fischer desapareceu de novo, procurou refugio na casa de Lilienthal.
Por duas vezes viuvo, a sua terceira mulher, trinta anos mais nova, costumava brincar com a diferença de idades dizendo ser demasiado velha para ele!
Já cumprindos 95 anos, Lilenthal seguia fazendo o que lhe apetecia e lhe dava prazer;
fumava, nadava assiduamente, viajava com frequência e como é obvio jogava xadrez.
A quem ficava admirado com a sua longevidade e boa memória respondia sempre o mesmo:
"O xadrez ajuda-me a manter a lucidez".
Andor Lilienthal, Grande-mestre de xadrez, nascido a 5 de Maio de 1911 e falecido em Budapeste a 8 de Maio de 2010.
As poucas linhas que escrevo são um convite à vida e às partidas de outro super-herói que já não está fisicamente entre nós.
Mesmo, na sua morte, o seu nome e legado fazem-me sorrir.
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